Por que Descarregamos a Ansiedade na Alimentação?



A chamada “fome emocional” pode ser desencadeada por uma variedade de emoções, como estresse, ansiedade, tédio, solidão, tristeza e até mesmo felicidade excessiva. Boa parte das pessoas possui dificuldade em se observar e perceber como acontecimentos do dia-a-dia repercutem nas suas emoções e ocasionam comportamentos de comer como reação.

As emoções têm um papel importante em nossos padrões alimentares e escolhas de comida. A relação entre emoções e alimentação é complexa, pode variar de pessoa para pessoa e nem sempre é prejudicial. A frequência e intensidade da busca por alimentos reconfortantes deve ser observada, pois o exagero sempre é sinal de alerta, possivelmente de descompensações emocionais e/ou hormonais.

Quando uma pessoa recorre à comida para lidar com as emoções, na imensa maioria das vezes ela opta por alimentos que ela percebe como reconfortantes e ricos em calorias, açúcar e gorduras, como doces, salgados (que também costumam ter muito açúcar e gordura) e, na grande maioria das vezes, alimentos altamente processados. A ingestão deste tipo de alimentos cria um ciclo em que, quanto mais você come, mais quer comer.

Comer por ansiedade é um comportamento comum em muitas pessoas, e várias razões podem levá-las a recorrer à comida mesmo sem fome.

Alguns dos fatores que contribuem para comer por ansiedade podem incluir:

Forma de Lidar com Emoções Negativas

Pessoas frequentemente buscam conforto em alimentos quando estão se sentindo estressadas, ansiosas, tristes ou solitárias. Comer pode oferecer alívio temporário dessas emoções desagradáveis.

Hábitos de Conforto

Muitas pessoas têm desenvolvido o hábito de associar alimentos com conforto emocional desde a infância. Isso pode se tornar um padrão automático de resposta ao estresse.

Recompensa Química

Alimentos ricos em açúcar e gordura podem desencadear a liberação de neurotransmissores, como a serotonina, que proporcionam uma sensação temporária de bem-estar. Isso pode levar as pessoas a buscarem esses alimentos em momentos de ansiedade.

Distração

Comer pode servir como uma distração temporária dos pensamentos ansiosos ou preocupantes. Muitas vezes, as pessoas comem para evitar enfrentar emoções difíceis.

Hábitos Sociais

Em certos contextos sociais, como festas ou encontros, as pessoas tendem a comer mais, mesmo quando não estão fisicamente com fome. A pressão social e a disponibilidade de comida podem contribuir para comer por ansiedade.

Aprendizado Comportamental

Comportamentos alimentares podem ser condicionados por experiências passadas. Se uma pessoa se sentiu aliviada da ansiedade anteriormente comendo, isso pode reforçar o comportamento.

Falta de Estratégias de Enfrentamento

Algumas pessoas não desenvolveram estratégias de enfrentamento saudáveis para lidar com a ansiedade. Como resultado, recorrem à comida como uma das poucas maneiras de lidar com o estresse.

Autocontrole Comprometido

A ansiedade pode afetar o autocontrole e a tomada de decisões. Isso pode resultar em escolhas alimentares impulsivas e excessivas.

Ambiente e Disponibilidade de Comida

A disponibilidade de comida, especialmente alimentos ricos em calorias, pode tornar mais provável que alguém coma por ansiedade. Ambientes com acesso fácil a lanches pouco saudáveis podem encorajar o comportamento.

Fatores Biológicos

Alguns estudos sugerem que desequilíbrios neuroquímicos e hormonais podem contribuir para comer por ansiedade em algumas pessoas.

A busca pelo alimento como forma de alívio costuma ser associada a comportamentos encadeados de ativação. Aos poucos, os comportamentos se tornam repetitivos e costumam vir sob a forma de ciclos bastante previsíveis para os psicólogos, mas de difícil manejo para quem sofre com eles.

Como em todos os ciclos, os comportamentos apresentam um encadeamento:

  • Gatilho de Ansiedade 

  • Ativação da Ansiedade

  • Comer em Excesso ou Comer Emocionalmente

  • Alívio Temporário

  • Sentimento de Culpa; Vergonha e Remorso

  • Volta ao próximo Gatilho de Ansiedade

Explicando:

Um gatilho de ansiedade, como estresse, preocupação ou emoções negativas, desencadeia a ansiedade.

Isso leva à ativação da ansiedade, que pode manifestar-se como tensão, nervosismo ou outras sensações físicas e emocionais desconfortáveis.

A pessoa, em busca de alívio temporário, recorre à comida como uma forma de lidar com a ansiedade, muitas vezes comendo em excesso ou recorrendo a alimentos reconfortantes.

O ato de comer pode proporcionar um alívio temporário da ansiedade, criando uma sensação de conforto.

No entanto, depois de comer, a pessoa pode sentir sentimentos de culpa, remorso ou arrependimento por ter comido em excesso ou de forma emocional.

Os ciclos tendem a continuar se repetindo, pois se a pessoa enfrenta novamente os gatilhos de ansiedade e não tem as necessárias ferramentas emocionais para lidar com eles é bastante provável que ela prossiga repetindo comportamentos de comer para encontrar alívio temporário.

Lidar com a ansiedade descompensada costuma trazer desconforto e sofrimento. O hábito de comer mesmo sem fome e como forma de aliviar a ansiedade e o sofrimento pode causar prejuízos a curto, médio e longo prazo- tanto prejuízos emocionais quanto fisiológicos.

Antes que o problema se agrave, busque ajuda de um profissional de saúde mental.

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