Brasileiros PELO MUNDO

Um número cada vez maior de pessoas está passando pela experiência de tentar reconstruir a vida em um local e em uma cultura diferentes, conhecendo as alegrias e as dores que fazem parte deste processo.

Desde que me mudei de Porto Alegre para Cascais iniciei meu processo de adaptação e ao longo do caminho me deparei com uma série de situações positivas e outras nem tanto. Vivi na pele - e vivo todos os dias - os desafios que uma mudança tão drástica traz consigo. Compreendo não apenas como profissional os impactos emocionais e as diferentes maneiras deles se manifestarem na nossa mente e no nosso dia-a-dia.

Como psicóloga, meu trabalho consiste em ajudar meus pacientes a lidarem com as diferentes questões que impactam suas vidas, e poucas coisas geram mais impactos do que uma mudança de país. Através deste site, pretendo compartilhar alguns artigos e dicas simples mas valiosas que podem ajudar a enfrentar essa situação com melhores ferramentas. Algumas dicas seguem abaixo. Leia os artigos, sugira novos temas. A ideia é levar conhecimento a quem precisa.

Caso você deseje um atendimento individualizado, fique à vontade para entrar em contato comigo.

 
 

Algumas dicas simples que podem ajudar

 

Dê tempo ao tempo

A adaptação a um novo país não acontece da noite para o dia. Soa simples, mas muitas vezes nos esquecemos disso. Quando você sentir frustração, saudade, nostalgia, medo ou insegurança, saiba que isso tudo faz parte do processo. Permita-se sentir o que você estiver sentindo, e não se cobre um otimismo inabalável porque a vida simplesmente não funciona assim. Você terá dias ruins, e haverá momentos em que você questionará se tomou a decisão certa. Quando isso acontecer, permita-se ter paciência. Você vai perceber que alguns dias podem fazer toda a diferença.


Mantenha contato com seus afetos

Você é um afortunado se teve pessoas especiais de quem foi difícil se despedir ao mudar de país. Sorte nossa, se amamos e somos amados. Estar longe destas pessoas, porém, é algo bem difícil e você terá que lidar com esta dor. A convivência e a proximidade fazem falta e este é talvez o maior desafio de quem muda de país. Como em qualquer tema doloroso, dias piores surgirão. Fortaleça-se ocupando sua mente e seu tempo, saia de casa, não se permita afundar na dor. Por mais que possamos não ter idéia de quando iremos rever nossos afetos, é importante que os tragamos para perto de nós cultivando nossas lembranças e mantendo contato. Converse por vídeo, chame quem está com você para conversar junto, não relaxe em aproximar gerações. Vínculos profundos não se desfazem com milhas. Longe dos olhos, mas perto do coração.


Crie novos laços.

Em psicologia há um conceito que chamamos de “rede de apoio”. São aquelas pessoas que querem o nosso bem e com quem podemos contar nos momentos de dificuldade. Talvez todas as suas tenham ficado no Brasil e é importantíssimo fazer um esforço real para criar novos relacionamentos e uma nova rede no novo país. Sei que muitas vezes não é fácil, mas há uma série de maneiras de se conhecer pessoas novas: entrando numa academia, fazendo cursos gratuitos, participando de trabalho voluntário e até entrando em grupos de brasileiros que moram em sua nova cidade nas redes sociais. Pense por este lado: algumas das pessoas mais importantes da sua vida podem vir a ser pessoas que você ainda não conheceu.


Acolha, se quer ser acolhido.

Desenvolva um olhar generoso sobre o país que o recebe e o povo que está acolhendo você. Você provavelmente encontrará coisas que não gosta, pessoas difíceis ou resistências, mas se der um peso excessivo a estes aspectos perderá a visão do todo e poderá ficar tentado a ficar se vitimizando ou paralisado. Procure mais semelhanças do que diferenças, conecte-se com a alegria causada pelas coisas boas, permita-se rir das incoerências, peculiaridades e ranços típicos de seres humanos de todas as nacionalidades. Não dê um peso excessivo às falhas e limitações alheias e não leve tudo tão a sério. Ao invés de ter sua lente focada nos motivos para criticar, procure os motivos que o fazem feliz por sua escolha e as razões para permanecer. Você também encontrará coisas, pessoas e situações maravilhosas. Aproveite e cresça com elas.


Ocupe-se. Saia da toca.

Não fique por mais de dois dias seguidos em casa. Quando trabalhar, não vá sempre do trabalho pra casa e vice-versa. Permita-se caminhar sem pressa e curtir a segurança das ruas, a beleza dos prédios, a história que fascina presente em toda parte, a paz proporcionada por um belo pôr-do-sol. Se possível, vá caminhar à beira-mar. Preste atenção no movimento das ondas, na alegria das crianças, na brisa que toca seu rosto. Passeie pelos lindos recantos que o novo país tem a oferecer. Deixe que sua mente seja tomada por sensações agradáveis e sabores especiais. Não trate sua vida como uma questão de apenas sobreviver. Você está vivo. Viva!


Procure coisas interessantes e grátis para fazer

Usufrua da vida cultural que seu novo país tem a oferecer. Em Portugal, por exemplo, sempre há passeios, eventos, encontros, provas de ciclismo, de natação em mar aberto, cinema ao ar livre e exposições, sendo boa parte das diversões gratuitas. Há um site chamado Time Out que traz a programação do que há para fazer em várias cidades do mundo nos diferentes dias da semana, com ou sem filhos, de dia ou à noite. Há muita coisa boa em sites de turismo e blogs na internet. Pode estar à distância de um clique o acesso à cultura no novo país e esta experiência pode gerar grande satisfação, preenchendo muitos momentos de sua nova vida.

Abaixo, os links do Time Out Lisboa e Porto.

Confira: https://www.timeout.pt/lisboa/pt https://www.timeout.pt/porto/pt


 

Artigos

Periodicamente, compartilho artigos neste site e nas minhas redes sociais em que divido algumas reflexões sobre temas que percebo serem pertinentes para quem atendo em psicoterapia e para as pessoas, em geral. Muitos destes textos se referem ao processo de adaptação de imigrantes brasileiros em Portugal e pelo mundo. Para a lista completa de textos e para realizar buscas no acervo, não deixe de visitar a página Artigos.